Eduarda Caetano, de 17 anos, estudante do 3º ano do ensino médio em Samambaia, aguarda ansiosa a primeira parcela de R$ 1 mil do Programa Pé-de-Meia, referente à conclusão da 2ª série em 2024. A expectativa cresce após o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciar que os mais de 3,9 milhões de beneficiários do programa começarão a receber os recursos desbloqueados pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O pagamento será feito até a próxima semana.
Mesmo sabendo que a parcela de R$ 1 mil só poderá ser sacada após a formatura, Eduarda já planeja o uso do valor para financiar a sua primeira Carteira Nacional de Habilitação (CNH), o que facilitará seu deslocamento até a faculdade. Por enquanto, ela tem aproveitado os depósitos mensais de R$ 200 do programa para despesas pessoais, como alimentação e itens de higiene.
“Antes, eu não tinha uma renda, mas o Pé-de-Meia tem me ajudado a custear o curso de contabilidade que faço, além de poder ajudar minha mãe com pequenas despesas”, explica Eduarda, que também utiliza o dinheiro para lazer e para pagar a frequência escolar de 2024.
Incentivo ao estudo e ao comprometimento escolar
O Programa Pé-de-Meia, lançado em janeiro de 2024, oferece R$ 200 mensais aos estudantes que mantêm uma frequência mínima de 80% nas aulas. Ao final de cada ano concluído, o estudante recebe R$ 1.000, que só pode ser retirado após a conclusão do ensino médio. Gustavo Henry Alves da Silva, de 17 anos, é outro beneficiário do programa e utiliza parte do valor para auxiliar sua família, ajudando a comprar alimentos e pagar contas. Ele sonha em cursar psicologia ou artes cênicas no ensino superior.
Já Nicolly Evelyn, também de 17 anos, atribui a melhoria em suas notas no ensino médio ao incentivo do Pé-de-Meia. O programa a motivou a se dedicar mais aos estudos, especialmente em matérias de exatas, e ela agora sonha em seguir carreira na área de tecnologia da informação (TI). Nicolly planeja utilizar os recursos do programa para pagar cursos preparatórios para o ensino superior e investir em equipamentos como notebooks e tablets.
Vinícius Cassiano, de 17 anos, divide seu tempo entre o trabalho no Tribunal Superior do Trabalho (TST) e os estudos. Com o apoio financeiro do Pé-de-Meia, ele paga um curso técnico de administração. “Esse programa é muito importante para alunos de baixa renda, porque oferece uma chance de investir em educação e melhorar as condições de vida”, afirma Vinícius, que ainda não decidiu se seguirá carreira na administração ou na militar após o término do ensino médio.
Visão mais ampla nas escolas
A diretora da Escola CED619 de Samambaia, Alice Macera, observou um aumento no comprometimento dos estudantes com a escola desde a implementação do Pé-de-Meia. A preocupação com a frequência aumentou, já que os alunos sabem que faltas podem resultar na perda do benefício. Além disso, muitos estudantes passaram a se dedicar mais aos estudos e até a focar exclusivamente na escola, ao invés de conciliar trabalho e estudo.
“Com o Pé-de-Meia, muitos alunos passaram a se dedicar mais ao estudo, deixando de trabalhar ou, para aqueles que ainda trabalham, o programa tem sido um complemento importante de renda”, destaca Alice Macera, que lidera a escola há 13 anos. A instituição abriga cerca de 1.700 estudantes, muitos dos quais buscam melhorar suas condições de vida através da educação e do incentivo financeiro oferecido pelo programa.
Sobre o programa
O Pé-de-Meia foi criado para ajudar a manter jovens do ensino médio e da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na escola e concluir o ciclo escolar. Os estudantes beneficiados devem atender a requisitos como matrícula ativa, frequência escolar mínima de 80%, aprovação nas disciplinas e participação no Enem. O programa pode pagar até R$ 9.200 ao longo dos três anos do ensino médio. A iniciativa é financiada pelo Ministério da Educação e os pagamentos são feitos via Caixa Econômica Federal. Para saber se estão contemplados, os estudantes podem consultar os aplicativos Caixa Tem e Jornada do Estudante.
Deixe um comentário