“Estávamos cientes e nos sentimos representados”, afirmou comunicado; grupo de famílias contratou advogada para processar plataforma de streaming por produção de “Todo Dia a Mesma Noite”
A Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) afirmou que não concorda com o grupo de familiares de vítimas do incêndio na Boate Kiss que pretende processar a Netflix pela série “Todo Dia a Mesma Noite”.
Neste domingo (29), a advogada Juliane Muller Korbm relatou à CNN que um grupo de cerca de 40 famílias a contratou para representá-las em caso contra a plataforma de streaming por conta do que chamam de “exploração comercial da tragédia”.
Em comunicado divulgado pelo Instagram, o presidente da AVTSM, Gabriel Rovadoschi Barros, esclareceu que a associação estava ciente da produção e “sente-se representada” tanto pela série quanto pelo livro homônimo que a serviu de base, da jornalista Daniela Arbex.
“A produção não retrata de forma individual os 242 jovens assassinados, mas sim um recorte das quatro famílias de pais que foram processados. Todos familiares de vítimas e sobreviventes retratados por personagens da obra estavam cientes e em concordância”, afirma a nota.
A AVTSM informou que não está movendo nenhum processo contra as produções e nem existe tal pretensão, “por acreditarmos na potência das produções na luta por justiça e a luta por memória”.
Acreditamos, acima de tudo, que tragédias como a que vivenciamos precisam ser contadas através de todas as formas. Recontar essa história significa denunciar as inúmeras negligências e tentativas de silenciamento que encontramos pelo caminho, além de auxiliar na prevenção para que esse tipo de tragédia não aconteça com mais nenhuma família, algo que temos como propósito desde o 1º dia de nossa fundação. Mostrar o que aconteceu na Kiss faz com que a morte de nossos filhos e filhas, irmãos e irmãs, pais e mães, amigos e amigas não tenha sido em vão. Mostrar a morosidade, a burocracia e como é o sistema judiciário brasileiro serve como denúncia e como protesto. É preciso falar, debate, produzir materiais sobre o que aconteceu naquela trágica noite de 27 de janeiro de 2013, pois só assim conseguiremos que as pessoas entendam o que a ganância, a negligência e a omissão são capazes de fazer. Em Santa Maria, esses fatores mataram 242 jovens e deixaram 636 com marcas físicas e psicológicas.Gabriel Rovadoschi Barros, presidente da AVTSM.
O presidente da associação ainda esclareceu que não há nenhum repasse financeiro da Netflix à AVTSM por conta da produção: “O que ganhamos é a crença no fortalecimento na luta por justiça e pela memória. Para que não se repita.”
A CNN procurou a assessoria da Netflix para comentar o caso, mas não houve retorno.
Por CNN Brasil
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