Constatou-se que o grupo criminoso adquiriu e pagou com verba pública da Prefeitura Municipal de
Sidrolândia, por meio de Nota Fiscal com dados falsos, um aparelho celular iPhone 13
Pro Max (128 gb), destinado à servidora pública Anielle de Souza Ferreira Santi.
Em um dos trechos das investigações do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) constatou-se que o grupo criminoso, a mando de Cláudio Serra Filho, pagou com verba pública da Prefeitura Municipal de Sidrolândia, por meio de Nota Fiscal com dados falsos emitida pela empresa 3M Produtos e Serviços, de propriedade de Milton Matheus Paiva Matos, um aparelho celular iPhone 13 Pro Max (128 gb), destinado à servidora pública investida em cargo comissionado, Anielle de Souza Ferreira Santi.
Em diálogo interceptado no dia 20 de setembro de 2022, constatou a troca de mensagens entre Milton Matheus Paiva e o servidor Tiago Basso da Silva demonstrando as tratativas iniciais acerca da aquisição do celular que seria dado à servidora.
“Iphone 13 Pro Max 128gb. Quanto vc faz um desse? Pra pagar por nota. Me liga”, consta na mensagem enviada pelo servidor Tiago Basso da Silva para Milton Matheus Paiva por WhatsApp às 15h57.
Dois dias após a troca de mensagens, no dia 22 de setembro de 2022, Milton Paiva informa para Tiago Basso que já estava em posse do celular, enviando a foto aparelho.
“Tá no jeito [tenta realizar uma chamada de voz com Tiago, mas não é atendida]. Ligou”, mensagem enviada pelo Milton Paiva para Tiago Basso às 13h55. No mesmo instante o Tiago Basso respondeu: “Estou indo aí”. Às 15h Milton Paiva envia a foto do aparelho celular iPhone 13 Pro Max (128 gb) junto com carregador.
No mesmo dia, às 18h06, logo após a entrega do aparelho para Tiago Basso, o servidor envia mensagens para Cláudio Serra Jordão Filho confirmando que já estava em posse do aparelho, sendo respondido por Cláudio que no dia seguinte ele próprio entregaria o celular para a servidora Anielle.
“Tá na mão chefe”, mensagem enviado pelo Tiago Basso para Claudinho Serra. Logo em seguida, Claudinho Serra responde: “Ai simmm. Amanhã entrego pra Ani (servidora Anielle de Souza Ferreira Santi)”.
No dia 23 de setembro de 2022, às 08h15, a servidora Anielle Santi envia mensagens para Tiago Basso perguntando sobre a encomenda.
“Bom diaaaa”, envia a servidora Anielle Santi para Tiago Basso, que às 08h26, responde ela com “Bom dia”. Logo em seguida a servidora pergunta “Cadê a nossa encomenda?Kkk”. Tiago Basso responde “Já está comigo”, e ela envia “Me passa kkk”. Ele responde que estava em Campo Grande e ela manda “Pq eu vou para Cg já já”.
Quatro minutos depois, Tiago Basso envia mensagens para Cláudio Serra Filho, mencionando que Anielle solicitou a entrega do aparelho e informando que deixou o produto com pessoa de nome Rosy.
“Cláudio, Anielli está me pedindo pra entregar o celular pra ela. Deixei com a Rosy. Falei para Rosy entregar pra vc”, envia Tiago Basso para Claudinho Serra, às 08h28.
No mesmo dia, às 08h27, Milton Paiva envia mensagens para Tiago Basso informando o valor do custo do aparelho celular, mencionando também a margem de lucro vislumbrada, deixando a cargo de Tiago Basso as negociações.
“Dia. Celular ficou 6750+250 (seis mil setecentos e cinquenta + duzentos e cinquenta) de carregador e gasolina. Total de R$ 7.000,00 (sete mil reais). Pensei em margem de 65% pelo adiantamento. Vê o que consegue para nós”, envia Milton Paiva para Tiago Basso.
No dia 04 de outubro de 2022 , Milton envia seis notas fiscais emitidas pela empresa 3M (produtos diversos), que somadas totalizaram a quantia de R$ 10.067,85, concluindo aproximadamente 50% de margem de lucro, concluindo que tais notas fiscais tenham figurado como meio para o pagamento do aparelho celular destinado a servidora Anielle. Veja as notas fiscais a seguir.
Toda matéria foi baseada em investigações do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS), por meio da 3ª Promotoria de Justiça da Comarca de Sidrolândia, do Grupo Especial de Combate à Corrupção (GECOC) e do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), nomeada como Operação “Tromper”. O desdobramento das investigações, conduzidas pelo GECOC, ratificou a efetiva existência de uma organização criminosa voltada a fraudes em licitações e contratos administrativos com a Prefeitura Municipal de Sidrolândia, bem como o pagamento de propina a agentes públicos municipais.
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