Esquema de corrupção chefiado por Claudinho Serra usava contrato para desviar dinheiro da gasolina nos carros oficiais
O suposto esquema de corrupção na Prefeitura de Sidrolândia, comandado pelo vereador de Campo Grande Claudinho Serra, envolveria até fraude de cerca de R$ 210 mil no abastecimento em posto de combustível. O sucateamento de parte da frota de veículos, inclusive, acabaria contribuindo para mascarar os atos do suposto grupo criminoso durante o abastecimento no segundo semestre de 2022.
Os detalhes foram explicados pelo ex-chefe de compras de Sidrolândia, Thiago Basso da Silva, que firmou um acordo de delação premiada com a Justiça. Conforme o delator, o esquema teria anuência da sogra de Claudinho Serra e prefeita de Sidrolândia, Vanda Camilo (PP).
O parlamentar teria solicitado a Silva um desvio de 30 mil litros de óleo diesel para a empresa GC Obras De Pavimentação Asfáltica LTDA que estava responsável pelo recapeamento do asfalto de três ruas e o cascalhamento de uma estrada.
“O Cláudio logicamente receberia um valor específico pelos 30 mil litros e eu ficaria incumbido de mascarar isso dentro do sistema Taurus, dos abastecimentos da secretaria de obras, principalmente, e de educação, que tem os ônibus que trafegam pelo município”, explicou.
A ideia do grupo era “diluir” esse volume de abastecimento em dois mil litros mensalmente. Uma das preocupações era “manobrar” a quilometragem dos veículos da prefeitura para não denunciar o ato ilícito.
Contudo, o sucateamento da frota de veículos, com os tacógrafos (equipamento usado em veículos pesados) quebrados, ajudava o grupo a se esquivar de explicações.
“Eu fazia um controle no sistema Taurus para evitar que a quilometragem do veículo não ficasse muito visível. A gente tem problema no município que o tacógrafo de vários veículos não marca quilômetro, então esses eram os mais fáceis, era o mesmo quilômetro em todo abastecimento. Então pronto, acabou, se alguém um dia vier questionar ‘ah, mas esse ônibus rodou o mesmo quilômetro por cinco anos? Tacógrafo está quebrado, nunca ninguém falou”, evidenciou Silva.
O ex-servidor não soube informar por quanto foi negociado o óleo diesel, mas estima que o valor cobrado pelos 30 mil litros de diesel poderia chegar a cerca de R$ 210 mil. Ele foi afastado do negócio após a deflagração da primeira fase da Operação Tromper, em maio do ano passado, e foi substituído por Carmo Name, assessor e “braço direito” de Claudinho Serra na época em que foi secretário de Fazenda.
Anuência de prefeita
Conforme o delator, o abastecimento da frota de veículos era feito no posto de combustível Martinelli. Todo o negócio era tratado com o gerente, que teria a anuência do proprietário. Questionado pelos promotores se o dono teria obtido alguma vantagem nesse esquema, Silva negou. “Ele entregou o combustível e recebeu por isso”, pontuou.
Outro ponto questionado pelos investigadores é sobre quem deu o aval para que o abastecimento fosse feito no posto de combustível. O gerente teria pedido um prazo para conversar com o dono do local. “Pelo o que ele me disse, o dono do posto conversou com algumas pessoas da prefeitura, não vou citar nomes porque é conversa de bastidores e foi autorizado a fazer o negócio”, afirma Thiago Silva.
O promotor, então, pergunta: “Essa conversa de bastidor estava no nome de quem para dar o aval?” O delator responde: “Do Claudio e da Vanda”.
Uma das preocupações do dono do posto é se o alto volume de diesel seria realmente comprado. “Ele deixou bem claro, ‘eu sou dono do posto, quero vender, mas como vou vender 30 mil litros para receber em um ano? Não é assim, tenho que ter certeza que vou receber’, eu falei ‘foi me dito que vai ser pago’, ele me deu dois dias, mas no dia seguinte me deu positivo”, afirmou Silva.
Colaboração: Midiamax
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