Espancada e ameaçada de morte pelo ex-companheiro, Anna Pereira teme ser a próxima vítima de feminicídio em Mato Grosso do Sul. Ela relata que procurou a Deam (Delegacia de Pronto Atendimento) de Jardim, neste domingo (16), para registrar agressões em praça pública e não se sentiu acolhida. Preocupada, ela decidiu expor o próprio caso por proteção e alerta.
Durante 7 anos de relacionamento, a vítima sofreu com o perfil de “bom moço” do marido na frente das pessoas e dos irmãos da igreja onde frequentavam. Segundo a vítima, ao longo dos anos, ela sofreu agressões físicas, verbais e psicológicas do marido, pastor.
“Ele é viciado em cocaína, durante muitas vezes aceitei e perdoei, mas sempre que era agredida e ameaçada de morte enquanto ele estava sob efeito de drogas e álcool”, conta.
Na madrugada deste domingo (16), a vítima foi espancada pelo autor em via pública no Centro de Jardim, quando ele foi preso em flagrante pela Polícia Militar.
Temendo pela vida dela e do filho de 20 anos, a quem o ex também ameaçou de morte, a mulher procurou a delegacia, mas se deparou com um atendimento parecido ao que a jornalista Vanessa Ricarte recebeu ao denunciar o agressor.
“Achei que seria acolhida, que a delegada da mulher me ouviria, mas ela não me atendeu e fui ouvida apenas por um escrivão”, detalha a reportagem.
Ainda segundo ela, o filho – que também foi ameaçado – tentou registrar contra o padrasto, mas segundo ela, não quiseram fazer outro boletim de ocorrência.
“Eu vi o caso da jornalista, não quero ser a próxima Vanessa. Ele me bateu várias vezes, cortou a cerca elétrica da minha casa e ameaçou eu e meu filho de morte e o apoio que eu recebi? Um promotor vindo a minha casa me entregar a medida protetiva e alertar que ele já está na rua”, desabafa.
Amedrontada com o que o ex pode fazer, ela acredita que ele pode se aproximar mesmo mediante a medida protetiva.
“Ele saiu usando uma tornozeleira que ele pode cortar a qualquer momento. Aqui fora pode pagar alguém ou vir pessoalmente me matar”, diz com voz de desespero.
Nesta segunda-feira (17), a vítima recebeu apoio de uma Assistente Social e logo depois da delegada do município para que fizesse o exame de corpo delito.
“Estou cheia de marcas, hematomas, mas isso pode ir muito além se nós não tivermos vozes. A gente pede ajuda, socorro, se não conhecer ninguém com influência não recebemos ajuda com a devida atenção. Quero que meu relato seja ouvido, não quero ser a próxima vítima de feminicídio em Mato Grosso do Sul, ele prometeu que vai me matar”, dispara.
A reportagem do TopMídia News entrou em contato com a Polícia Civil para verificar sobre o atendimento prestado à vítima e quais medidas de proteção podem ser tomadas, além do documento entregue em papel, e aguarda esclarecimentos.
Em resposta, a PCMS informa que qualquer cidadão que se sinta prejudicado em seu acolhimento junto a uma Delegacia de Polícia, pode formalizar uma reclamação junto à Ouvidoria-Geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.
“Este é um espaço de comunicação entre o cidadão e a PCMS onde você pode registrar suas demandas sobre os serviços públicos referentes a PCMS. https://www.pc.ms.gov.br/ouvidoria/#link-2“, respondeu.
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