Disputa por terreno foi a causa da morte brutal de Magno Fernandes Monteiro; três pessoas estão presas
Três pessoas, sendo uma mulher e dois homens, estão presas por envolvimento na morte cruel e ocultação de cadáver do pintor Magno Fernandes Monteiro, de 42 anos. Os restos mortais dele foram encontrados na tarde da última quarta-feira (22) enterrados embaixo de um pé de mandioca no quintal da residência onde ele morava em Sidrolândia. Um quarto envolvido está sendo procurado.
Detalhes do caso foram divulgados nesta quinta-feira, 23, durante entrevista coletiva concedida pela delegada Cynthia Gomes de Sidrolândia. O fato mais chocante da trama foi a revelação de que a vítima pode ter sido enterrada ainda viva, e gritava durante o soterramento, segundo relato de um dos envolvidos. O crime foi friamente premeditado e teve como causa a disputa pela posse do terreno onde Magno morava.
Conforme a delegada, Magno Monteiro estava desaparecido desde maio de 2023. Porém, somente em novembro o pai da vítima registrou boletim de ocorrências na Polícia Civil.
As investigações não avançavam até que uma mulher se dizendo vítima de violência doméstica compareceu à delegacia há cerca de três meses. A jovem relatou que estava com muito medo, pois seu namorado (o agressor) a havia ameaçado. Ele teria dito que faria com ela o mesmo que fez com Magno Monteiro, ou seja, matar e enterrar o corpo no quintal de casa.
Apavorada, a vítima procurou a polícia, o que levou os investigadores a iniciarem uma nova linha de apuração para desvendar o desaparecimento do pintor. A partir daí o namorado agressor passou a ser considerado o principal suspeito do crime.
O quintal (um terreno de dimensões grandes e bastante acidentado) foi vasculhado pela polícia, com ajuda dos bombeiros e cães farejadores, mas as buscas não encontraram vestígios do corpo de Magno. Neste mesmo dia, o suspeito foi levado à delegacia e negou friamente qualquer participação no caso.
“O que chamou a atenção foi a frieza desses assassinos. A jovem que denunciou a violência do namorado, esteve no terreno no dia das buscas. Desde o início ela sabia de tudo, pois teve participação, e não revelou nada à polícia”, relatou a delegada.
Quando questionada pela polícia, ela se esquivava, dizendo que teve medo da ameaça do namorado, mas que não acreditava que ele tivesse executado Magno. A jovem é parente distante da vítima e disputava com ele a posse do terreno onde Magno morava.
Achado de ossada – Apesar das novas informações e de já ter os suspeitos do crime, faltava à polícia o principal, encontrar o corpo. A ossada só foi encontrada na tarde de quarta-feira, dia 22. Uma mulher entrou no terreno para colher mandiocas e ao arrancar uma das plantas percebeu a presença de algo que seria um crânio. Essa mulher, aliás, é avó da jovem que participou da trama.
A notícia correu entre os vizinhos e acabou chegando a polícia que foi avisada por moradores. A Polícia Civil e a perícia foram acionadas e constaram que a ossada era do pintor desaparecido. O principal suspeito, o namorado agressor, foi novamente conduzido à delegacia e após horas negando envolvimento no caso, acabou por confessar o crime. No meio do interrogatório, entregou outros dois comparsas. Um foi preso no mesmo dia e o outro está sendo procurado.
Os novos depoimentos trouxeram à tona os “detalhes sórdidos” como disse a delegada. Segundo ela, o segundo envolvido afirma que a vítima foi enterrada viva e que gritava enquanto era soterrada. Já o primeiro nega tal informação. Ele afirma que Magno já estava desfalecido.
Antes de ser sepultado no quintal, Magno foi surpreendido pela entrada de três homens na sua casa. Ele dormia e foi acordado com uma martelada na cabeça. Houve luta corporal. A vítima ainda conseguiu atingir um dos agressores, mas foi imobilizado com uma “gravata” e golpeado em seguida com uso do martelo e faca. Em seguida, ele foi enterrado no quintal.
O crime foi premeditado. Tanto que um dia antes, os criminosos já tinham escondido no quintal as ferramentas que usaram na ação — para matar e enterrar o corpo. Aliás, as ferramentas ainda não foram encontrada pela polícia.
A jovem que denunciou a violência doméstica do namorado teve participação na trama. Foi ela que primeiro sondou a casa e informou aos demais que a vítima dormia lá dentro. A polícia apura se jovem influenciou o namorado a planejar e executar Magno para que ficassem com o terreno.
O terreno, aliás, já tinha sido alvo de briga entre Magno e o agressor principal. Magno residia na propriedade há algum tempo e não aceitava que a parente e o namorado ficassem ali.
Houve uma desavença e troca de agressões físicas. Magno foi jurado de morte pelo namorado da jovem.
Outra informação levantada pela polícia é de que todos os envolvidos na trama eram usuários de drogas e na data do crime usaram entorpecentes antes de irem à casa de Magno.
No decorrer das investigações, os autores do crime ainda tentaram confundir a polícia com pistas falsas. Eles informavam aos policiais que usuários de drogas teriam procurado por Magno para cobrar suposta dívida. Porém, tudo não passava de mentiras para desviar o foco das investigações.
Os dois homens presos tem 20 anos de idade; a jovem tem 19 e o rapaz que está foragido tem 23. Eles responderão por homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, recurso que dificultou a defesa da vítima, meio cruel e ocultação de cadáver.
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