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Por falta de aporte financeiro CPN vai fechar no dia primeiro de maio

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Divulgação

O CPN (Centro de Parto Normal Magdalena Targa do Nascimento) de Sidrolândia, que é referência para o Mato Grosso do Sul, tendo como prioridade o parto natural e humanizado, vai encerrar as atividades no dia primeiro de maio de 2023 por decisão judicial pela falta de retaguarda. Para conseguir essa retagurada o CPN precisava de aporte financeiro, os diretores do hospital fizeram de tudo para que ele ficasse aberto, mas isso não ocorreu.

O Centro de Parto Natural está aberto desde 2017 e muitas mulheres vieram de outras cidades para ter bebê aqui na cidade de Sidrolândia, onde ele está localizado.

Mas o que muitos não sabem é que ele abriu irregular em 2017 e em dezembro de 2022, foi dado o prazo de 90 dias para a nova diretoria do hospital.

Com isso, foram travadas muitas lutas e buscas para manter o CPN aberto, porém nessa última sexta-feira (28), o Hospital Beneficente Dona Elmíria Silvério Barbosa emitiu uma nota de esclarecimento nas redes sociais, explicando sobre o motivo do fechamento.

Confira a nota:

“O Hospital Beneficente Dona Elmíria Silvério Barbosa, localizado no Município de Sidrolândia/MS, vem comunicar com grande pesar a notícia de que ocorrerá a suspensão das atividades do Centro de Parto Normal (CPN) em cumprimento a decisão judicial proferida em Ação Civil Pública.
Comunicamos que a partir do primeiro dia 01/05/2023, o espaço em que eram realizadas as atividades do Centro de Parto Normal será utilizado como porta de entrada para as gestantes de risco habitual que buscar o Hospital.
Salientamos que buscamos reiteradamente apoio por parte do Poder Público para custeio da equipe de retaguarda e mantimento do Centro, mas não obtivemos retorno e dado a falta de recursos, tornou-se impossível a manutenção devido a determinação judicial.
Enfatizamos, ainda, a nossa luta extraordinária pela prestação de serviço de saúde de qualidade aos cidadãos de Sidrolândia/MS mesmo diante dos diversos percalços e agradecemos acompreensão de todos para com o Hospital”
, disse o hospital na nota.

O CPN era formado por quatro enfermeiros obstetras e quatro técnicos de enfermagem. Todos os partos tem protocolos a serem seguidos, como a partir de 37 semanas para ter o bebê.

Como ocorriam os partos?

Quando a paciente entra pelo protocolo, o hospital tem todo um compromisso, uma responsabilidade com essa mãe e com esse bebê.

Roseli Correa, é a diretora administrativa do hospital desde março de 2022, comenta que quando parto não evolui, eles precisam pedir apoio a Campo Grande e a paciente tem que ir em vaga zero, por conta da falta dessa retaguarda.

Roseli

“Quando a paciente não evolui, a mãe não consegue expulsar essa criança, nós somos obrigados a pedir um apoio para Campo Grande na vaga zero”, comenta a diretora.

O parto humanizado é uma das coisas mais linda e únicas de se ver e de sentir. “Os partos naturais, humanizados, quando ele é o tempo do protocolo, ele é literalmente como a natureza manda: sem corte, sem a oxitocina, ela vai parir o bebê dela da melhor forma possível, da forma mais natural que tem”, desabafa Roseli

Uma criança que nasce com o parto humanizado é bom pra ela, bom pra mãe, mas eles também veem o lado das intercorrências e ficam preocupados e se colocam no lugar do outro, são empáticos, o que atualmente é uma das coisas mais raras de se ver na atualidade.

Intercorrências

Pelo fato do CPN ainda não ter retaguarda, essas intercorrências que ocorrem vão para Campo Grande. A diretora do hospital explica como seria se a retaguarda estivesse desde 2017.

“Quando há intercorrência, distocia, circular do cordão ou a mãe é hipertensa, enfim, são intercorrências que acontecem durante o parto. E esse fato da retaguarda nós teremos o quê? Esse médico aqui no hospital que precisando, se tiver alguma intercorrência, ele vai ser acionado, ou seja o obstetra, o anestesista e o pediatraIsso traz mais segurança pra mãe e pro recém nascido”, relata Roseli.

Além disso, Roseli, como enfermeira, mulher, mãe e avó, fica muito triste quando acontece alguma intercorrência e ela não pode fazer nada.

“A gente fica muito triste quando acontece situações aqui, eu como enfermeira, eu posso dizer que dói na gente. Eu sou mãe, avó, e a gente se dói em ver uma intercorrência e não poder dar aquela assistência necessária que a mãe e o bebê merecerem por não ter essa retaguarda”, desabafa a enfermeira.

O CPN

O CPN atualmente vivia com R$ 150 mil mensais e não está dando mais para manter por falta de aporte financeiro. O hospital como um todo vive com R$ 547 mil reais.

“Nós daqui do hospital, eu, o Jacob, que está aqui comigo, nós não temos a intenção de fechar o serviço. Nós sabemos o quanto esse serviço é importante pra população, o quanto o serviço do CPN tem benefício”, relata Roseli.

Roseli, Jacob e a equipe do CPN são apaixonados pelo que fazem, desde a tratativa da papelada de uma mãe que entrou para dar a luz ali, até os últimos cuidados com o puerpério e com o bebê.

E eles relatam que a última coisa que eles querem é ter que fechar as portas do Centro de Parto Natural.

“A última coisa que a gente quer é fechar o CPN, tanto que a gente tem buscado, falado com senadores, deputados e vereadores, esse serviço não pode parar, esse serviço tem que aumentar, só que pra isso acontecer precisamos de aporte financeiro, emendas, de valor de custeio, porque é muito pouco o que é disponibilizado hoje dentro da contratualização e subvenção municipal”, comenta a diretora.

O CPN é referência dentro do Estado de Mato Grosso do Sul pela qualidade dos serviços prestados e da humanização nos atendimentos. Chegando até a ter gestantes de outras cidades e Estados a virem ter bebê aqui.

Mulheres na luta pelo CPN

No dia 23 de fevereiro desse ano de 2023 muitas mulheres se movimentaram nas redes sociais sobre o fechamento do CPN. E com isso, conseguiram 700 assinaturas.

A dona do perfil que fez essa petição se manisfestou contra o fechamento do CPN:

“Nos manifestamos contrárias ao fechamento do Centro de Parto Natural Magdalena Targa do Nascimento, na cidade de Sidrolândia- MS”, comenta a dona do perfil.

Ela também fala sobre a surpresa que foi saber sobre o risco de fechar que o CPN está correndo.

Além disso, muitas mães que tiveram seus bebês ali no CPN relataram como foi seu parto e os cuidados que tiveram da equipe do hospital. Trazendo a tona uma hashtag chamada #todaspelocpn.

Emilly Meneses, tem 19 anos e teve sua bebê em setembro do ano passado no CPN e comenta que foi uma experiência maravilhosa e reforça sobre a importância do Centro de Parto Natural.

Naiz Vitória relata sobre o nascimento dos seus dois filhos e que não gostaria que o CPN fosse fechado.

Essas e outras mulheres estão juntando forças para esse movimento em apoio ao CPN.

“As mães estão mostrando a nossa capacidade, o que nós conseguimos oferecer e que nós podemos ir além. A lutas delas é a mesma que a nossa: Não vamos fechar o CPN. O CPN pede socorro. O CPN precisa ser visto pelo poder público, precisa de um olhar diferente. Nós não queremos fechar serviço, queremos abrir serviço. Nós queremos ampliar o CPN, trazer cirurgias eletivas, esse é o nosso sonho”, desabafa Roseli.

Roseli ainda fala da força que essas mães estão dando para eles lutarem cada vez mais em prol do CPN.

“Elas conseguiram nos ajudar nos dando força, encorajamento dizendo que estão conosco, que estão nos ajudando”, comenta a diretora.

Profissionais do CPN

Sanielly e Adrielle

Sanielly é uma das técnicas de enfermagem que trabalham no CPN e ressalta a importância da luta da administração do hospital.

“Vale ressaltar que é muito importante agradecer a administração do hospital, que não mediu esforços para buscar intervenções e recursos que a gente precisa. É importante deixar registrado o empenho da nossa administração e dos vereadores para manter a casa de parto aberta”, comenta a técnica.

Adrielle é enfermeira e deixa um pedido para as mães.

“Eu quero deixar aqui um pedido pra vocês mães, mulheres e gestantes que venham lutar conosco, que estejam junto com a gente e não deixem esse sonho acabar, vamos lutar pelo CPN, que é possível e nós estamos aqui para ajudar todas as mulheres, venham com a gente, venham lutar. E viva o CPN”, desabafa Adrielle.

Essa foi uma das trajetórias para manter o CPN aberto, essa luta que acabou tendo um fim triste para todas essas mães, gestantes e mulheres de Sidrolândia e região.

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