Além da morte do Papa Francisco, o cinzento dia 21 de abril de 2025 ficou marcado pelo ataque de uma onça-pintada ao caseiro Jorge Ávalo, no pesqueiro Touro Morto, localizado no coração do Pantanal do Rio Negro, em Mato Grosso do Sul. Um mês depois do fatídico incidente que vitimou o pantaneiro e ganhou repercussão internacional, como a família tem lidado com o luto e com a recorrência do assunto na mídia?
Em conversa com o Jornal Midiamax nesta quarta-feira (21), data em que a morte de Jorginho completa 30 dias, o cunhado diz que a família não tem raiva da onça-pintada responsável pelo ataque e desabafa sobre a saudade do homem que, para ele, era como um irmão.
“Não esqueço nem um dia. Minha esposa, irmã dele, está melhor, mas não é fácil não. É um negócio esquisito. Estou indo para o Passo do Lontra agora de chalana, vou subir lá, vou ter que viver naquele lugar [sem ele]. Pra mim é complicado”, lamenta Valmir de Araújo, o Magrão.
Conforme ele, a esposa de Jorge decidiu não processar o dono do pesqueiro e pedir indenização. “Não vai precisar porque, dentro da lei, ele vai fazer tudo certinho. O patrão gostava tanto do Jorge que as vezes o Jorge pedia pra sair do emprego, ficava quatro meses fora e ele continuava pagando meu cunhado com o pesqueiro sem ninguém”, conta.
Valmir ainda revela que alguns “filhos” de Jorge apareceram depois da morte, mas, em 30 anos de amizade, jamais soube da existência de algum herdeiro. Segundo o cunhado, além dele, o caseiro só tinha a irmã, a esposa e o sogro como família.
Mágoa da onça? Jamais
Magrão também comenta que a mulher de Jorginho não está desamparada. Com limitações físicas por conta de um AVC sofrido há alguns anos, ela está recebendo auxílio financeiro do dono do pesqueiro onde o marido trabalhava. “Ele acolheu ela e vai ajudar, na medida do possível”, diz o familiar.
Sobre o tratamento que o animal tem recebido, o cunhado de Jorge diz ter ficado aliviado com o fato do exemplar estar preso. “Trataram os dentes dela, né? É bom pra hora que ela for comer outro ficar melhor (risos). Achei legal que os caras foram lá e pegaram a onça, fiz amizade até com eles. Ainda bem que não vão soltar ela, porque senão ela ia pegar mais gente. Mas se não vão soltar tá bom, deixa a onça quieta pra lá”, afirma.
Se os familiares sentem alguma mágoa do felino? “Jamais, tranquilo. Isso foi uma fatalidade, ele deu mole, a onça não saía de lá e ele não fez nada pra ela ter medo dele. Só que ele não tratava, nunca jogou comida pra onça, isso é conversa fiada. É mentira. Eu vivia com o Jorge lá, sei o que eu tô falando”, finaliza o cunhado, que enfrentará um desafio nos próximos dias ao estar em um lugar onde costumava ter a companhia do caseiro.
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